“Hoje é amanhã?” Lembras-te desta pergunta?
“Não filho, hoje é um dia e amanhã é outro!” Respondi, sem refletir sobre o significado da mesma.
Quando a pergunta se repetiu no dia seguinte, devido a uma promessa de irmos ao Funchal comprar um livro, é que eu compreendi a tua questão.
Depois do “confinamento social” repentino e inesperado marcar o nosso modo do viver quotidiano, respondi: “Não filho, hoje não é amanhã”.
Não é aquele amanhã que íamos sair para comprar um livro, para fazermos o “passeio das amoras” com os tios e primos, para irmos à praia ou ao aquaparque, para irmos ao cinema ou para colorirmos o nosso amanhã com outra atividade que gostávamos.
Quando digo colorir é a pensar noutra pergunta que me fizeste: “Porque é que o arco-íris tem aquelas cores?” Comecei por explicar que era devido à decomposição da luz branca, mas fui bombardeada com tantas outras que desisti. Resposta mais fácil: “é para a vida não ser a preto e branco”. Ainda consigo ouvir a tua gargalhada à resposta inesperada.
Continua sempre a pintar os teus dias das cores do arco-iris.
Um dia o amanhã, será amanhã. “Até um amanhã”.
Amo-te muito querido filho!
Alexandra Santos
As memórias e os afetos que não posso esquecer ajudam a atenuar as saudades. Até um amanhã.
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